terça-feira, 9 de novembro de 2010

O amor tem quatro olhos e duas bocas - Parte 4

O início de uma grande amizade.


Apanhamos o táxi, rumo às lojas mais conhecidas da capital do amour. Entramos em várias lojas, vestimos Prada, Chanel, Louis Vuitton e ficamos elegantes cobertas de peças luxuosas. Fomos bem recebidas, com tratamento vip e rodeadas de sorrisos.
Nunca tinha ido às compras tão bem acompanhada. Era reconfortante ver o sorriso daquela empregada, que agora mais parecia uma estrela de Hollywood. Posso afirmar que nunca me diverti tanto só numa ida às compras. 
Ela já não era tímida, parecia gostar da minha companhia e não estava ali obrigada, eu conseguia sentir a sua felicidade. Precisávamos de descansar. Pegamos em todos aqueles sacos cobertos de luxo, distribuímos pelas duas e fomos almoçar. Fiz questão de escolher uma refeição mais simples para as duas, visto que ela não estava habituada a comer com todas aquelas regras de etiqueta. Pedi uma salada para as duas, acompanhada de sumo natural. No final, duas fatias do meu bolo de chocolate favorito. 

Durante o almoço, tentei saber mais sobre ela. Tentei descobrir mais sobre aquela figura que a mim me despertava uma enorme curiosidade. Começou por referir que se chamava Alice - deixei esvoaçar um doce sorriso de saudade, porque a minha mãe também se chamava Alice -  e a sua idade. Fazia no próximo mês, em Novembro, 25 anos. Era de facto muito nova. Quis saber mais e quando percebeu o meu interesse contou mais sobre si. Disse-me que o seu pai era italiano e a sua mãe portuguesa, que nasceu e foi criada até aos 20 anos em Itália. Para ela Itália é apenas uma lembrança dolorosa, pois perdeu os seus pais num atentado contra  o Papa. Contou-me então que apesar de Roma ser a capital de Itália não é católica, porque devido à fé que os seus pais tinham perdeu aquilo a que ela denominava de família. Percebi a sua mágoa e então desviei o assunto. Sugeri mais umas compras finais. Ela alegre, levantou-se num ápice como se estivesse ansiosa para mais umas compras. 

Na rua do restaurante tinha uma pequena loja, com uma montra belíssima. Entrámos, mas de repente reparo que a Alice já não está a meu lado. Continuo à procura de um vestido e quando dou por mim a dona da loja estava a dizer à Alice que ela não podia entrar por ser empregada de um hotel. Apercebi-me então do racismo daquela senhora, de nariz empinado, contra classes sociais inferiores à dela. Revoltada com aquela situação, dirigi-me ao balcão e disse que a Alice estava comigo e que ela já não era empregada do hotel. A dona da loja torceu o nariz, mas teve de aceitar a sua presença naquela loja. Chamei a Alice e vestimos os vestidos mais lindos e caros da loja. Experimentamos roupa durante quase 3h, só para irritar a dona. No final, saímos lindas e fabulosas.

Já no hotel, Alice vestiu a sua roupa de empregada e na hora da sua pausa foi até ao meu quarto. Agradeceu tudo o que eu fiz por ela naquele dia e, pediu desculpa pelo desagrado que teve com a dona daquela loja, disse-me que era cliente habitual do hotel e que a reconheceu. Eu esvoacei um sorriso satisfeito, olhei-a nos olhos e perguntei: "Qual é o teu sonho?" Ela estranhou a pergunta e disse: "Ser estilista." "Eu vou realizá-lo" -afirmei.

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