quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O amor tem quatro olhos e duas bocas - Parte 2


Já era quase noite, mas teimei em entrar no primeiro voo para Paris. E assim o fiz. Dirigi-me para a bilheteira e livre que nem um pássaro entrei naquele avião. Fiz questão em não dizer a ninguém para onde ia, queria sentir-me livre e desejava ardentemente viver aquilo que ainda não vivi. Por isso, sem medo peguei no telefone liguei para casa da minha mãe e disse-lhe que estava tudo bem, mas que simplesmente precisava de me conhecer melhor. Ela não entendeu e disse que eu estava louca, mas eu sabia que não o estava. Uma pessoa não pode ser considerada louca só porque quer ser feliz, pois não?
Ela bem insistiu, mas eu apenas respondi: "Vou para onde o meu coração me levar! Adeus, mãe. Adoro-te". Foi esta a minha despedida. 

***

A viagem deu-me sono e o desejo de me manter acordada foi perdendo-se cada vez mais entre sonhos e contos de fadas. O meu coração sonhava alto e inquieto, com uma grande festa onde eu era estrela de cinema e ele ainda lá estava para me ajudar a desfilar por aquela passadeira vermelha. Acordei com uma voz doce ao meu ouvido. Era um homem, um bonito homem na verdade, com os seus 25 anos, ou seja, na flor da juventude. Nada que se comparasse aos meus, quase, 34 anos. Sussurrou bem perto do meu ouvido: "Desculpe incomoda-la, mas acabamos de aterrar." Além de todas as características do seu corpo moreno, era português. Cheguei a pensar que morri e que estava no céu. Ele insistiu, vendo que eu estava um pouco atrapalhada, em acordar-me. Quando me apercebi realmente que ele estava ali bem junto de mim à cerca de 15 minutos, curei e saí apressada por aquele avião fora, sem exclamar um obrigado. Corri com vergonha.

Cheguei ao melhor hotel de Paris. Percorri todos aqueles corredores, como se fosse uma perdida, até encontrar o meu quarto. Estava apenas com a roupa que levara no corpo. Quando viajei, não quis malas, mas agora apercebi-me que não tinha o que vestir, por isso chamei uma empregada e pedi-lhe delicadamente que me fosse comprar alguma lingerie. Simpatizei com ela, era bonita, loira e elegante. 
Fui para o quarto de banho com uma decoração leve e moderna e deixei a água percorrer pelo meu corpo, deslizar sobre os meus seios e desaguar num sítio onde explodi de prazer.
Entretanto, a empregada chegou. Saí do banho, completamente nua e com os meus cabelos quase negros a cobrirem a maior parte da área das minhas costas. A empregada do hotel, baixou o olhar e pediu desculpa, falando em francês. Eu sorri.
Pedi para me passar a toalha e limpei o meu corpo de pele branca suavemente. Vesti aquela lingerie branca e de renda. Devo confessar que a empregada teve bom gosto. Esquecendo-me que ela estava ali, pedi desculpa por estar a ver-me sem roupa e se quisesse que podia ir embora.

Fiquei sozinha no quarto. Cansada por causa da viagem e por tudo o que se passou em Portugal os meus olhos fecharam-se mal a porta se trancou.

(Continua)


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