domingo, 7 de novembro de 2010

O amor tem quatro olhos e duas bocas - Parte 3


A noite foi tranquila. Acordei poucos minutos depois do relógio ter anunciado uma hora. Estava na hora de me levantar e de ir conhecer a cidade do amor, mas em vez disso estiquei o braço, peguei no telefone e fiz uma chamada. Em poucos minutos a porta do quarto abriu-se e nas mãos da bela empregada de ontem, havia uma bandeja com todos os mimos a que eu tinha direito. Fiquei maravilhada e só de olhar estava satisfeita. 

Reflecti por instantes no meu corpo. A verdade é que nunca comera em grandes porções, muito menos todos aqueles alimentos de forma misturada que estavam na bandeja. Sempre me preocupei em ser elegante e, apesar de medir 1.70cm e dos meus 55kg, controlava bastante a minha alimentação, fazendo todos os dias exercícios, mas hoje não me queira preocupar com isso. Queria ser eu e por isso, ataquei os croissant, as compotas, os sumos... No final fiquei satisfeita. Fui feliz durante aquele pequeno momento.
Era a primeira vez, desde que me lembro, em que a ideia de ficar gorda não me atacou os pensamentos e, a vontade de isto acontecer mais vezes aqueceu-me o coração. Por isso, prometi a mim mesma que vou viver segundo a filosofia de vida carpe diem, pelo menos enquanto estiver em Paris.

Dirigi-me para o guarda-fatos, preparada para escolher a minha melhor roupa. Abri aquelas portas em vidro e estava vazio. Depois recordei-me que tinha vindo para Paris sem malas. A sorte é que o hotel oferece o necessário para a nossa higiene pessoal. Peguei no telefone de novo, mas desta vez liguei para o dono daquele magnífico hotel. A voz que me atendeu era grossa e ao mesmo tempo sussurrante, parecia excitar-me o ouvido, fiquei confusa e para evitar que a conversa se prolonga-se fui directa ao assunto. Com gentileza, pedi "emprestada" a empregada que me atendera desde que chegara. Fez-se uma pausa e comecei a ficar nervosa. Disse que não me importava dos custos e expliquei-lhe que tinha saído do meu país sem malas. O senhor, que mais parecia jovem, pela voz grossa, mas ao mesmo tempo límpida, disse que não havia problema e que em cinco minutos ela estaria ali para me servir até ao fim da minha estadia.

Bateram à porta três vezes, até que eu disse: -"Entre". Era a empregada. Falamos em francês, mas basicamente eu pedi-lhe para trazer algumas das suas roupas, que depois lhe pagaria. Ela sem perguntar porquê lá foi. Em 15 minutos estava ao pé de mim. Foi impressionante como em 15 minutos ela tinha recolhido toda a sua roupa. Depois apercebi-me que o problema é que ela não tinha muita roupa. No entanto, tinha dois vestidos belíssimos e perguntei-lhe onde os tinha arranjado. Eram simples, mas elegantes, um era preto justo e o outro fazia uma espécie de balão na parte de baixo. Dissera-me que tinha sido ela a fazê-los. Eu sorri, porque de facto eram bonitos.
O meu grande problema, surgiu nos sapatos, ela não tinha nenhuns adequados a tal traje. De novo, efectuei uma chamada para o dono do hotel e pedi que me entregassem dois modelos de Louvoutin iguais aos que  tinha deixado em Portugal. O número 39 e o 36, sim porque a empregada era baixinha.
Fui me vestir e pedi à empregada que fizesse o mesmo. Enquanto arranjava o meu cabelo, a empregada abriu a porta. Eram os sapatos. Ordenei que os calçasse e, apesar de ela não saber quanto custavam ficou contente, porque nunca lhe tinham dado uns sapatos tão bonitos. Saímos as duas lindas e cheias de glamour  e ninguém a reconheceu como a empregada. Fomos às compras. Eu precisava de roupa e ela também.

(continua)

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